quarta-feira, 13 de abril de 2011

O que penso sobre o amor?

Um amigo certa vez me perguntou se eu acreditava no amor. Respondi o que para mim era óbvio: - “sim!”. Não satisfeito com a resposta simples e objetiva, ele me questionou outra vez. Mas agora, perguntando sobre a responsabilidade de amar, sobre a capacidade do coração e sobre a banalização do amor.


Aí, me fez pensar sobre tudo (o que talvez não chegasse a ser muito) o que vivi relacionado a esse verbo. Segundo o dicionário Mercury Jr. da Língua Portuguesa:



AMAR, v.t.d. – Ter amor a; querer bem a; desejar; gostar excessivamente; estar enamorado. ...



Respondi a ele que em tempos de guerra, um apenas “gosto de você” é prêmio... Mas aos olhos dos eternos amantes, é apenas mais um gesto, que não chega aos pés de um verdadeiro amor. Vejo que o amor, nada mais é – ou talvez seja mais que isso, sim – que aquele sentimento maldito que todos querem sentir, ter e oferecer. Digo maldito porque cismamos em culpá-lo quando algo não vai bem. Quando um namoro termina tragicamente, a culpa foi do amor... Ou porque aconteceu na hora e com a pessoa errada, ou porque acabou num momento inoportuno. E quando não é o “amor” o culpado, caiu na conta do coração... Logo ele! Por que não culparmos a nós mesmo por não nutri-lo?


Vejo que a esperança do amor está nos jovens. Como amam, não? Amam verdadeiramente muitos amigos; amam os primeiros, segundos e terceiros namorados; amam os amigos feitos no último final de semana; amam os amigos feitos no carnaval... E quem dirá ser falso esse amor? Quem garantirá que eles não têm realmente capacidade para amarem tanto. Coração quente e gigante dos nossos jovens.


E nem digo que por amarem tanto estejam banalizando o amor. Pelo contrário! Sou totalmente contra a afirmação que só se ama uma vez. Mas que asneira! Nunca nessa vida (e nem em qualquer outra) foi proibido amar. Fique a vontade para exercitar seu coração e colocar pra fora todo esse amor que você tem e que não se esgotou na primeira tentativa. Ame quantas vezes for necessário para se esvair de sentimentos... Ame quantas vezes for sentida a reciprocidade desse sentimento... Ame quantas vezes for justo amar!


Quer sentir o amor? Abra a janela em um dia daqueles de Dezembro, perto do natal, ensolarado e com cheiro de abacaxi pela casa! Ou vá à pracinha ver as crianças brincando. Ou contemple o pôr do sol do verão, e de preferência, no horário de verão. “E pra não dizer que não falei das flores”, colha algumas.


Percebo que é tão simples amar. E ao contrário do que muitos pensam, também não é muito difícil expressar esse amor. Ele se camufla tanto e de tantas formas... Faça um carinho; abrace sem motivo aparente; agradeça sorrindo; compre bala pra distribuir; chegue de surpresa; escreva no espelho embaçado; vá ao lugar do primeiro encontro... Ou simplesmente diga EU TE AMO! Como ainda tem gente que consegue matar?


Disse a esse amigo que amar é como respirar... Quando você percebe, já sentiu ou está sentindo. Disse ainda que somos os principais responsáveis pela oferta e pelo recebimento do amor. Deixe a porta aberta, ele não costuma insistir quando não o querem por perto.


Lembre-se: é só respirar e olhar a sua volta. O amor está aí!




Leonardo Pierre.



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Estou sempre amando... A mim mesmo, meus amigos, minha vida as vezes conturbada. Como os jovens desse texto!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A Ligação

Certa noite, eu recebi uma ligação incomum. Achei, a princípio, que se tratava de um engano ou de um desses malditos trotes, que tem se tornado cada vez menos freqüentes – o bom senso agradece.

“Alô” foi uma das poucas palavras que consegui dizer. Após isso, sucedeu-se uma série de reclamações

- Boa noite! O que há com vocês? Se orgulham tanto de serem os únicos a me nomearem para depois me tratarem desse jeito? O que eu fiz pra vocês? Não fiz nada de mau!

Me senti invadido, injustiçado, sendo acusado de algo que não imaginava o que era e cujo acusador eu jamais tinha visto. Mas já tinha sentido.

- Desculpa minha falta de educação, mas não ando muito boa contigo, nem com ninguém. Aqui quem fala é a Saudade, porém, há tempos já me rebatizaram. Agora já me chamam de Cruel, Ingrata, Maldita, e etc.... podem escolher! Estou cansada, sabia? Eu nasci para ser um sentimento puro e hoje só maldizem meu nome! “Aparece, vamos matar a saudade”... Como assim me matar, gente? O que eu fiz? Infelizmente, só vejo meu nome ser bendito quando alguém morre. Aí sim, todos dizem que “a saudade é a única coisa que nos restou”, me cultivam nos corações como o sentimento nobre que sempre tentei ser. Mas e durante a vida?

Notei ainda um pouco incrédulo com tal ligação, que Dona Saudade estava magoada. Aquele desabafo me fez pensar sobre muitas coisas. Tentei argumentar:

- Mas D. Saudade... Há tantas músicas em sua homenagem!

- Homenagem, moço? Homenagem? Outro dia ouvi uma pérola que dizia inverdades a meu respeito. Me senti perseguida e mal amada, e você me dará razão: “Vem matar essa saudade que quer me matar”... Opaaaa! COMO ASSIM EU QUERO MATAR, MEU DEUS? Sou da paz, tranqüila! Mas por aí andam dizendo que eu aperto, que eu maltrato, que eu faço doer. Estou triste, moço! Queria ver se eu deixasse de existir... As pessoas iriam pensar que não teriam mais importâncias umas para as outras.

Já passava de meia noite e Saudade continuava...

- Sabe, moço... Ninguém liga pra mim! Mas fique ciente que eu não sou a única insatisfeita. Tem uma galera meio irritada por aqui. O Tempo ia te ligar mas não teve tempo, e passou a vez pra mim. Fiquei toda boba por passar a frente do Tempo. Só não entendi porque ele está sem tempo. Enfim, ele te explicará!

- Ele? O Tempo? – indaguei.

- É, moço! O Tempo vai ligar, o Amor vai ligar... E esse é meu irmão mais velho. Na verdade, eu só existo porque ele existe. Brigamos como todos irmãos, mas não nos desgrudamos. Por isso dizem aqui que, onde está o Amor, logo atrás vem a Saudade, vê se pode?

- D. Saudade, estou meio confuso!

- Ih, você não viu nada! Tem uns queridinhos aqui que não tem do que reclamar, mas vão ligar também: a Felicidade, a Tristeza, o Ódio... Todos esses, ao contrário de mim, cumprem seu papel e são reconhecidos. Para o bem ou para o mal. Mas agora vou desligar. Só te peço um favor: faça de mim...

Acredite! A ligação caiu e eu não tive como retornar, lógico. Fiquei sem a recomendação de D. Saudade. O que será que ela queria? Vou tentar descobrir sozinho, enquanto espero as próximas ligações. Estou ansioso.


Leonardo Pierre



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Aguardem...