sexta-feira, 24 de maio de 2013

O Canto da Chuva



Fiquei em silêncio... Deixei a chuva falar. Não me incomodava naquele momento seus possíveis estragos, os vários transtornos e toda a sua demanda caótica! Para mim, mais pareciam as letras de Chico e Djavan, as melodias do Tom, as vozes de Elis e Bethânia, a sutileza de Nara...
Soprava cantos suaves no início da madrugada, como quem invade sorrateiramente pelas brechas das portas. Não se exaltava, nem assustava. Era doce, como uma poesia recitada em tom grave baixo.
Eu permanecia em silêncio para contemplar cada nota daquele concerto maravilhoso. Ela não pedia palmas, nem ovações. Desejava apenas passar sua mensagem.
Não mais sozinho, ela me acompanhou até eu pegar no sono, entoando seus cânticos de ninar, de forma inédita, capazes de  abrandar os selvagens e os inquietos.
Dormi e sonhei. Como há tempos não sonhava. Não com o sol brilhando, mas com a chuva que provavelmente quis me fazer companhia durante toda a noite...
Ao acordar, vi o chão ainda molhado, confirmando minha suspeita de sua presença. Havia sol, ainda fraco. De certo tímido, depois de um espetáculo, como jamais visto antes em toda a natureza.
Se afastando do sol, lá estava a última nuvem carregando suas - e minhas - últimas vozes de chuva. Contentei-me, então, com o que mais se assemelhava à elas: as letras de Chico e Djavan, as melodias do Tom,  as vozes de Elis...

                        Leonardo Pierre

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E ela canta, canta, canta...

quarta-feira, 22 de maio de 2013

O Galeria de Blogs divulgando o MLP

Diretório de Blogs

No fim da Noite



Hoje fui sombra, amanhã não mais...

Com o novo sol que as estrelas prometem, há de surgir também uma nova vida iluminada dentro de mim.

Hoje fui sobra, amanhã não mais...

Com as boas promessas de renascimento, há de surgir grupo de seres afortunados onde eu possa me inserir.

Hoje fui rascunho, amanhã não mais...

Com os novos despertares, outros olhares farão de mim um desenho completo, repleto de cores. Se não, um risco bem feito, próximo ao que será a arte final.

Hoje fui cego, amanhã não mais...

A um palmo de mim sempre estiveram os óculos de uma nova vida, possibilitando a visão perfeita de tudo o que eu quis enxergar. Ou do que minha vista encoberta de nuvens preferiu não ver.

Hoje fui dia, tarde e noite... E amanhã também serei! 

Com cada nova promessa, serei tudo o que sou com um pouco mais de alma. Se as promessas não se cumprirem, eu serei o que se chama “mais do mesmo”.

Mas serei sempre esse, sem deixar de agregar o que melhor convir para o momento...                                                           
                                                                            Leonardo Pierre

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Há Lua...




E de repente a Lua desceu mais cedo
Pra brilhar de pertinho
Resolveu me acompanhar
Achei normal,
Afinal,
Estava mesmo um tanto só!
Para guiar meus caminhos, firmeza,
Ali eu tive certeza,
Que ela iria me ajudar
Fez-se um chão de estrelas, vermelhas
Formando a esteira onde eu iria pisar...
Varamos a noite, dançamos na rua
Contamos histórias pra cidade domir
Eu me apaixonava, e ela anunciava:
 “Restam poucas horas até eu me despedir”
Aí a Lua, que descera mais cedo,
Que me tirou os medos, me pedia perdão
Se empolgou na surpresa, beleza,
Mas enchera meu peito dessa doce ilusão
Para não deixar-me infeliz, me jurou
Que voltaria às noites para andar comigo
Enquanto amanhecia, dizia
Que era o Sol quem seria o meu grande amigo...
... Até anoitecer!
E a gente brincava, Ele me esquentava
Sentia ciúmes se Lua vinha me ver
Nos dias de chuva era tão discreto
Brilhava em silencio sem eu perceber

                                     Leonardo Pierre

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E eu segui amando a Lua, em silêncio. Sem desagradar o amigo Sol...