quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Morre gente


Morre gente triste
morre gente forte
Morre quem duvida
Até da própria morte

Morre o Delegado
Morre até o juiz
Que julgou em vida
O que é ser feliz

Morre a menina
Que tão jovem ainda
Nem deu tempo de
Achar a vida um porre

Morre a senhorinha
Que viveu com medo
A vida inteira
Pensou só na morte

Morre o transviado
Que com Deus debate
Morre gente crente
Morre o homem ateu

Morre todo mundo
Todo mundo morre
Quem fugiu da morte
Nem sequer viveu

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Adeus, infância


Adeus, brinquedos, adeus
Não mais teremos
Adeus lanchinho na vó
Com os netos seus
Adeus corrida do saco
Adeus, turminha
Brincar na rua, à tardinha
Adeus, adeus

Adeus, infância querida
Não mais veremos
Casa na árvore de outrora
Com os primos meus
Adeus "carrin" de rolimã
Bola de gude
Amarelinha e pião
Adeus, adeus

No chão, corrida de tampinha
Não brincaremos
É cada um com seu jogo
Em jogo seu
E cada qual do seu lado
Ninguém se fala
Às amizades, de fato
Adeus, adeus

Banho de chuva nem pense
Não tomaremos
As doencinhas derrubam
Os filhos seus
Os anticorpos,
não mais produziremos
Adeus, comer à vontade
Adeus, adeus

Ainda espero que um dia
Nós encontremos
Numa cidade remota
A tenra idade
Verdadeiramente livre
De pés no chão
Longe de tanto aparelho
Que aprisiona
Mostrando o simples prazer
Da felicidade.