Fiquei em
silêncio... Deixei a chuva falar. Não me incomodava naquele momento seus
possíveis estragos, os vários transtornos e toda a sua demanda caótica! Para
mim, mais pareciam as letras de Chico e Djavan, as melodias do Tom, as vozes de
Elis e Bethânia, a sutileza de Nara...
Soprava
cantos suaves no início da madrugada, como quem invade sorrateiramente pelas
brechas das portas. Não se exaltava, nem assustava. Era doce, como uma poesia
recitada em tom grave baixo.
Eu permanecia
em silêncio para contemplar cada nota daquele concerto maravilhoso. Ela não
pedia palmas, nem ovações. Desejava apenas passar sua mensagem.
Não mais
sozinho, ela me acompanhou até eu pegar no sono, entoando seus cânticos de
ninar, de forma inédita, capazes de
abrandar os selvagens e os inquietos.
Dormi e
sonhei. Como há tempos não sonhava. Não com o sol brilhando, mas com a chuva
que provavelmente quis me fazer companhia durante toda a noite...
Ao acordar,
vi o chão ainda molhado, confirmando minha suspeita de sua presença. Havia sol,
ainda fraco. De certo tímido, depois de um espetáculo, como jamais visto antes
em toda a natureza.
Se afastando
do sol, lá estava a última nuvem carregando suas - e minhas - últimas vozes de
chuva. Contentei-me, então, com o que mais se assemelhava à elas: as letras de
Chico e Djavan, as melodias do Tom, as
vozes de Elis...
Leonardo Pierre
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E ela canta, canta, canta...
...Ela canta. Ela dança com o vento...Ela se diverte.
ResponderExcluirÉ suavidade e fúria. É quando o céu chora de alegria.