Preferia
não arrumar nada. Nem catar os cacos de vidro no chão, os papéis rasgados pelos
cantos, nem mesmo recolocar o sofá, arrumado em outra disposição.
O
cenário parecia de uma luta secular, mesmo sem sangue algum manchando os
móveis. Muita bagunça compondo a cena, na qual eu agora era o único personagem.
Testemunha da passagem desse furacão que foi você...
Digo
mais: Seria capaz de viver durante anos nesse caos doméstico, deixando tudo
intactamente no mesmo lugar. Não queria perder a oportunidade de sentir
eternamente sua presença. A casa bagunçada do jeito que ficou quando foi
embora, dava a impressão de que você acabara de sair... E era somente essa a
impressão que eu queria ter.
Isso
iludia a saudade. Eu lhe sentia. Fechava os olhos e via você transitando pelos
pequenos espaços vazios. Seu cheiro, de repente, pairava novamente no ar, na
sala, no colchão que improvisava a cama, na cozinha, onde ficamos abraçados na
tentativa de preparar nosso almoço. Que dia maravilhoso...
Mas
que besteira a minha... Eu sempre soube que você voltaria! Tratei de arrumar
tudo, deixei tudo como novo. Afinal, furacão gosta mesmo é de bagunçar! Sei que
você vai voltar... E estou preparado para ajeitar a arruaça que você fizer,
todas às vezes.
Bem
vinda à minha vida, todos os dias!
"É festa, é festa, é festa é festa até quando o sol raiar..." ♪
A melhor reflexão que tive no mês. Muito bom! O problema, é quando arrumamos a casa e o furacão vai devastar outros quartos.
ResponderExcluirEsse me inspirou bagunceiro!
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