terça-feira, 13 de maio de 2014

Bagunça



Preferia não arrumar nada. Nem catar os cacos de vidro no chão, os papéis rasgados pelos cantos, nem mesmo recolocar o sofá, arrumado em outra disposição.
O cenário parecia de uma luta secular, mesmo sem sangue algum manchando os móveis. Muita bagunça compondo a cena, na qual eu agora era o único personagem. Testemunha da passagem desse furacão que foi você...
Digo mais: Seria capaz de viver durante anos nesse caos doméstico, deixando tudo intactamente no mesmo lugar. Não queria perder a oportunidade de sentir eternamente sua presença. A casa bagunçada do jeito que ficou quando foi embora, dava a impressão de que você acabara de sair... E era somente essa a impressão que eu queria ter.
Isso iludia a saudade. Eu lhe sentia. Fechava os olhos e via você transitando pelos pequenos espaços vazios. Seu cheiro, de repente, pairava novamente no ar, na sala, no colchão que improvisava a cama, na cozinha, onde ficamos abraçados na tentativa de preparar nosso almoço. Que dia maravilhoso...
Mas que besteira a minha... Eu sempre soube que você voltaria! Tratei de arrumar tudo, deixei tudo como novo. Afinal, furacão gosta mesmo é de bagunçar! Sei que você vai voltar... E estou preparado para ajeitar a arruaça que você fizer, todas às vezes.
Bem vinda à minha vida, todos os dias!


                                                          Leonardo Pierre
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            "É festa, é festa, é festa é festa até quando o sol raiar..." ♪

2 comentários:

  1. A melhor reflexão que tive no mês. Muito bom! O problema, é quando arrumamos a casa e o furacão vai devastar outros quartos.

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  2. Esse me inspirou bagunceiro!

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