Um amor acabado é quase como morrer. Há diversas
formas de morrer, certo? Deus, ao iniciar este capítulo em seu livro de contos
humanos, usou do sadismo em várias delas. Como deve ser, aliás, assistir a este
grande teatro em seu lugar privilegiado? Há de se questionar, no entanto, se Deus
assiste mesmo tudo o que acontece.
Não é um deboche, longe de mim brincar com as
forças cuja fonte desconhecemos. Mas partindo da premissa de que Deus tudo sabe
– até nossos pensamentos e, quiçá, o que nem pensamos ainda – neste mundo aqui
de baixo, qual a graça de um “Vale a pena ver de novo”? Somos apenas os atores dando
vida aos personagens que o Grande Diretor escreveu, roteirizou e disse “ação!”
ao soprar num punhado de barro. Vale-se do prazer de ver a vida acontecer de algo
que ele já escreveu ou talvez ele durma o sono dos justos, poupando-se do
trabalho de ver tão deprimentes cenas do nosso cotidiano? Não duvido de nenhuma
das hipóteses. A vida é um mistério. Deus é o maior deles. E como eu sempre
digo, mistérios são segredos e segredos são sagrados.
Mas, passando pela vida até chegar ao seu fim, eu
pensava sobre as diversas maneiras de morrer. Não como um tutorial ou uma
espécie de Top Five de melhores
mortes. Até eu me pouparia disso! Refiro-me às mortes que vamos acumulando
enquanto vivos. Uma delas é o fim de um amor. “Ah, mas de novo o amor?” Sim, E
sempre. Por mais que eu negue, devido ao Sol em Sagitário, caio em mim pela Lua
em Câncer. Faz sentido? Não sei, perguntem à Zora Yonara.
A morte é triste, em sua essência. Pelo fator despedida,
pela saudade que passa a ser eterna, pelas memórias que não poderão mais ser
reproduzidas por quem parte. A morte de alguém querido leva algo de nós e é
horrível... Por que romantizam essa perda? Parem e sintam essa dor, e depois se
recuperem. É DIGNO, JUSTO E LEGÍTIMO.
O Amor findado é ruim assim, quase como se despedir
de alguém para sempre, mesmo que em determinados casos, a morte seja o melhor
para todos. Há choro até nos olhos de quem já queria o fim. É desgastante,
frustrante, e a mala vai cheia de “é... acabou” e nessas duas palavras cabe uma
vida construída a dois (talvez a três, quatro...). Às vezes essa vida é curta.
O que pouco importa, aliás. Cabe na mala da morte do amor também a saudade, a
tristeza, as memórias, os “por quês?” e os “porquês”.
Este episódio, Deus deve querer assistir. Com pipocas
feitas das nuvens do céu, a lamber os beiços e as pontas dos dedos. E ao
apontá-los para nós, parece dizer: Agora levante e ande! Não é este o autoconselho
que nos damos ao olharmos no espelho e vermos nosso rosto amarrotado e inchado
de chorar até pegar no sono e tentar reagir? Sei lá se é mesmo apenas um autoconselho
ou uma interferência Dele,,,
Seja qual o plano divino, estamos todos apenas
cumprindo um script, apesar do
contraditório livre arbítrio. Não é um deboche! Longe de mim, querer brincar
com as forças que não vemos. Mas enquanto estiver vivo, quero continuar
morrendo e renascendo para viver de amor até morrer.
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