terça-feira, 25 de setembro de 2012

"Vontadeando"




Às vezes tenho vontade de ser louco... Ou de ter sido louco! De ir ou ter ido às últimas conseqüências. De ter arriscado ou estar arriscando. De sumir durante o dia, viajar pra longe, voltar à noite. Ou se não der tempo, só no dia seguinte, dois dias depois, nunca mais... Tanto faz!
Às vezes dá vontade de ter alguém te esperando quando chegar... Essa vontade, na verdade, é permanente. Mas como muitas vezes não tem, dá vontade de voltar não.
Às vezes não dá vontade de acordar. Não para sempre! Só por hoje, ou por dois dias. Sei lá, para esperar os dias de frio e chuva passarem. Ou passar direto pela segunda-feira. Ou pra chorar dormindo e acordar quando o lençol estiver seco, para ter a impressão de não ter chorado.
Às vezes dá vontade de ter vontades... De olhar para dentro, na alma. De entender as vozes da alma, os gritos perturbadores que clamam por liberdade.
Às vezes dá vontade de ser o velho eu. Ou antecipar de uma vez o que deverá ser o próximo eu. Pensando assim, parece mesmo que eu sempre vou querer mudar. E ter novas vontades.
Já é um começo – e tanto - para quem acha que nunca tem vontade de nada. Talvez eu subestime demais as minhas vontades, a ponto de dizer que não as tenho. Que louco! Olha, não era eu quem queria ser louco, há algumas linhas acima?
Às vezes dá vontade de saber nadar. De me igualar aos peixes e ir, lutando contra predadores, chegar às águas calmas, descansar e talvez tentar voltar... Ou cansado de lutar, seguir o fluxo do rio, e descobrir, tal qual a vida, onde o rio vai dar. Espero que os peixes gostem de água salgada.
Às vezes dá vontade de ter crescido em outro lugar, de ter experimentado outras aventuras, ter tido outros amigos, e seus tipos também diferentes. Sei lá, talvez só para testemunhar de dentro o que é ser outra pessoa, com outra educação, manias e costumes. Ter ido a outras festas, mergulhado em alguns livros, aprendido em outra cultura, ser portador de outro sotaque.
Muitas dessas vontades vêm de forma espontânea, mandantes de suas próprias vontades de vir e ficar. Ou ir embora, só pelo prazer de deixar o ímpeto de experimentar. Outras vêm depois de uma leitura, ou um filme que deixa mensagens sutis. Às 2 horas da manhã, porque nesse horário não tem mais barulho. Posso ouvi-lo, vê-lo, senti-lo e perceber seus sinais. E a partir daí, ter tais vontades, que podem ir embora enquanto durmo, ou se reforçar nos meus sonhos. E ao acordar, agilizá-las, ou dizer “não... talvez eu queira, mas deixa para lá. Preguiça demais para essa vontade.”.
Posso realizar algumas dessas vontades. As que se podem concretizar em tempo presente. Alias, posso tentar... As que não custam mais que do que há no meu bolso. Pensando um pouco, percebi que sonhos e vontades cabem no mesmo quarto, são amigos íntimos. A diferença é que os sonhos devem ser – embora nem sempre sejam – mais fortes que as vontades, que são volúveis, instáveis. Os sonhos não! Devem gritar dentro da gente como quem quer existir por desejo próprio, pedindo ajuda, implorando realização. Os sonhos devem ser felizes ou no mínimo, combustíveis para a felicidade. Uma espécie de alvo para o dardo, maça para a flecha, o mar para o rio, e o horizonte para o mar. Deveria ser, aliás, o horizonte para nós. Distante, porém, desejável.
É uma pena, ainda assim, nós preferirmos ter vontades ao invés de sonhar!



                                                           Leonardo Pierre


quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Ainda é "só" Amizade?




Você já sentiu que uma amizade estava forte demais e confundiu com amor, ou qualquer coisa parecida? Algumas pessoas apostam no sentimento transformado. Dessas, algumas são bem sucedidas, é mesmo amor! Outras não... Apostaram no amor e se viram perdidas, iludidas, pois, nutriram tanto o coração de falsas esperanças, principalmente por ver que investiram sozinhas em um sentimento que deve ser compartilhado.
E ao ouvir alguma música, olhou fixamente para o telefone, durante os longos 3 ou 4 minutos da canção, esperando que o destino agisse, que o universo conspirasse a favor justo naquele momento, que os tais sinos tocassem... No caso, o telefone. Não tocou. Mas para alguém tocou, o destino trabalhou, o (a) aspirante a amado (a) gastou seus créditos, pulsos ou o tempo de trabalho porque pensou no outro.
Outras pessoas, mais duras, experientes ou simplesmente por defesa resolveram não levar a diante qualquer mínimo fogo de palha que esquentasse o coração. Dessas, algumas foram bem sucedidas, era mesmo fogo de palha! Outras não... Deixaram de apostar no embrião do amor, sentimento puro que nascia de forma igualmente pura e despretensiosa. Quiseram lutar contra o destino, deixando escapar a felicidade...
Aí, o destino revoltou-se! Com toda a razão... Fez o trabalho direito, maior sacrifício para estreitar os laços, fazer pessoas distintas se tornarem amigos, proporcionar encontros casuais e, de repente, por se acharem entendidas demais, as ignoram os sinais (A rima não foi proposital, mas poderia ser!). E a vida castiga, claro. Faz questão de “apresentar” as piores pessoas do mundo, só para fazer enxergar o que perdeu. Às vezes há uma segunda chance. Se sim, é bom aproveitar!
Em outros casos, ele, o destino (ou o acaso, vai saber?!) agradece pela sapiência adquirida por anos, ou até mesmo se foi sorte de escolher não ter apostado. Aí ele parabeniza e premia com a confirmação da amizade, que vem sempre com os melhores abraços, carinhos, conversas, conselhos e besteiras. Porque besteira boa a gente faz com os amigos! E aí se percebe que foi uma ótima não ter se iludido com tais carinhos, que queriam mesmo dizer “sou teu amigo... só teu amigo!”.
De um modo geral, não há conselho bom o suficiente que caiba em todos os casos. É sempre bom ficar atento aos sinais, mas sem forjá-los, ou forçar situações, para não correr o risco de se enganar e ludibriar os olhos. Cuidado para não confundir um carinho forte, ou uma grande admiração com amor, paixão ou afins. Deixe acontecer e perceba. Isso sim serve para todos os casos, por mais vago que pareça. Se for para ser, será... A não ser que você queira driblar o destino.



                                                 Leonardo Pierre

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Sinais, Destino, Acaso, Vida... Tudo obra de Deus! Só não se sabe pra que...