quinta-feira, 15 de agosto de 2013

SONHOS

Houve dias em que eu me encantava com miragens.
Olhava ao longe e via o que quisesse,
Num insano exercício de imaginação.
Era falso, estranho, mentiroso... Era feliz.
Longe das maldades, das coisas impuras.
Longe de tudo o que eu não podia imaginar.
Ali, no meu mundo, só era permitido o que eu deixasse.
Era fácil ser feliz.
Eu dosava os perigos, inventava os inimigos...
Todos mais fortes que eu.
Eu vencia, era bravo, destemido, impetuoso.
Rígido nas minhas próprias regras.
Alguns dias havia cor, túneis de espirais,
Pêndulos hipnóticos, pirulitos coloridos
Eterno ar primaveril.
Noutros dias, fortes ondas de calor
Meninas e meninos douravam no eterno verão imaginário.
Aí, um eterno pôr de sol! Palmas intermináveis
Festas noturnas nas pedras. Nem bebidas, nem cigarros, nem adultos.
Lá não existia sexualidade, nem sensualidade, nem olhos maldosos.
Lá eu não crescia. Lá eu vivia...
Aqui, acordado, é duro.
É verdade. É difícil...
Aqui é a vida!

                                                Leonardo Pierre

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Procurando...





Olhei para todos os lados
Olhei para todos os cantos
Vasculhei os armários
Gavetas e portas escancaradas
Janelas batendo aos ventos

Entrei nos becos
Os sem saídas, os das favelas
Entrei nas casas, pulei os muros
Liguei a luz, perdi o medo
Pedi licença e saí

Olhei para dentro
Mergulhei nos sentidos
Senti a pele e os tecidos
Boiei no sangue e viajei em mim
Não soube sair

Depois de todas as casas visitadas,
Todas as marcas que ganhei
Todas as partes vigiadas
Todas as portas abertas e janelas escancaradas
Becos sem saídas e nenhuma solução
Percebi que nada encontrei
Certo de que algo me falta

Mas  ainda não sabia o que estava procurando


                                 Leonardo Pierre
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Buscando, buscando...