quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Felicidade: Luz ou breu?

Se chega, parte
Como um marinheiro ilude a dama
Que o espera à beira do cais
Acreditar, não mais!
De forma tal, a me despir de esperança
Contrapondo uma criança
Que é feliz só em viver
E a saber:
Bobo eu que um dia cri
Não deixar de existir
Felicidade plena
E ao lembrar dá pena
Da minha doce ilusão
Impossível definir
Se ela é intangível, tal qual a fé
Ou real como a religião

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

O Som da Noite


Somente o grito do silêncio
Me salva da destrutibilidade de tantos berros vãos
De todas as palavras tolas
De todos os tons das mãos
A última palavra é a mais esperada
Ao deitar,
Nem o vento, nem nada
Nenhuma luz me reflete
Nenhum sinal me entorpece
Só o silencio me acompanha
E de tão quieta manha
Chego a ouvir teus esforços
Com toda sua ironia
E ignoro, pois é,
O som mais desejado do dia


                           Leonardo Pierre
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sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Numa noite, apaixonado


Se a noite soubesse teu encanto
E o Sol, por grandeza, a deixasse se perpetuar
Exagero, assim, um tanto
Serviria de acalanto
Entontecendo o olhar
Agigantando o luar
Mesmo em noite ardente
Onde as estrelas caminham
As nuvens se escondem
Alguns astros repousam

...


Ah, se ela soubesse de todo esse encanto
Não haveria, pois, nascente
Num exagero, assim, um tanto
Seria noite eternamente


                                            Leonardo Pierre
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terça-feira, 3 de setembro de 2013

Pela segunda vez, em 93


Eu podia, talvez, acordar em 93...
Ali, de novo criança, não teria tantos erros a reparar. Mas teria, já ciente do meu futuro, a oportunidade de refazer minha história como quem já tem o mapa e só precisa optar por um caminho. Eu escolheria outros...
Acordaria ali e reviveria os últimos 20 anos. Passando, ano por ano, amando mais... As mesmas pessoas! Aproveitaria melhor cada um dos seus últimos momentos. Amaria menos aqueles que o tempo me mostrou não ter valido a pena. Ofereceria mais cada um dos meus abraços e os sorrisos, mostrando a alegria de criança em qualquer tempo.
A inocência perdida, eu perderia outra vez. Mas agiria de forma natural, ou talvez nem agisse, deixando ser descoberto naturalmente e de forma pura num mundo cada vez mais feroz. Talvez estivesse em outros lugares, curtindo outros luares, com outros amigos, novas ocasiões... Quem sabe?
Certamente me anteciparia às pessoas e fugiria das coisas que deram errado. Me anteciparia também e conheceria algumas pessoas um tempo antes do que aconteceu de fato. Para que pudesse estar com eles em alguns de seus melhores e piores momentos, assim como também fazer com que estivessem nos meus momentos cruciais.
Choraria mais e mais alto a cada perda. Me fazendo menos forte à primeira vista, evitaria amarguras e angústias, lágrimas presas, entaladas por força minha por querer me preocupar mais com os outros do que comigo. Talvez um mês chorando ininterruptamente, me pouparia de um ano inteiro de escassez de mim mesmo!
E os lugares onde fui e não deveria ter ido? E aqueles onde deixei de ir? Tudo diferente, tudo do avesso... Me arriscaria mais em alguns momentos. Versão ousado, sabe? Eu poderia mesmo acordar em 93! Reviver com mais intensidade as alegrias que deixei passar por não ter dado a devida importância.
Faria mesmo tudo diferente... Pois fazendo dessa forma na primeira vez, eu não teria aprendido nada!


                                               Leonardo Pierre
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Procurando as segundas chances que a vida não dá...