As músicas, então... Tem um poder absurdo de me transportar diretamente pras cenas mais desimportantes da vida. De repente, assim, do nada, estou com 7 anos, ouvindo os discos da Xuxa ( que a esta altura já eram antigos), num aniversário meu qualquer, em que me era permitido um dia inteiro escutando os discos da loira, de quem fui muito fã a infância inteira.
Às vezes vejo algum letreiro e a fonte cujo letreiro foi escrito me lembra daqueles seriados japoneses. Viciado mirim em Changeman, Jaspion e todas as sagas japonesas dos anos 80 e 90, sou jogado de novo pra lá, como quem está num sofá, se empapuçando de bolinhos de chuva e olhos vidrados na TV Manchete...
Esse apego às recordações se deve ao fato de, talvez, eu sofrer da síndrome de Peter Pan. Crescer? Nunca quis... Vou preenchendo meus espaços de saudade. Memórias gostosas que sobrevivem graças aos perfumes, às formas, cores, tons e sons. Vou vivendo fazendo essas associações, como quem sempre vai conseguir um jeito de não apagar o passado, e, mais que isso, perambular sempre por lá. Talvez seja uma forma de não crescer. Uma fuga desse mundão louco para aquele em que a Xuxa descia da nave, tomava café da manhã numa mesa gigante e cantava como se fosse só pra mim. Desse jeito, vou sorrindo pra mim mesmo, sendo chamado de louco, mas me permitindo fechar os olhos e ser feliz de novo, daquele jeito simples que as crianças conseguem ser.