Houve
dias em que eu me encantava com miragens.
Olhava
ao longe e via o que quisesse,
Num
insano exercício de imaginação.
Era
falso, estranho, mentiroso... Era feliz.
Longe
das maldades, das coisas impuras.
Longe
de tudo o que eu não podia imaginar.
Ali, no
meu mundo, só era permitido o que eu deixasse.
Era
fácil ser feliz.
Eu
dosava os perigos, inventava os inimigos...
Todos
mais fortes que eu.
Eu
vencia, era bravo, destemido, impetuoso.
Rígido
nas minhas próprias regras.
Alguns
dias havia cor, túneis de espirais,
Pêndulos
hipnóticos, pirulitos coloridos
Eterno
ar primaveril.
Noutros
dias, fortes ondas de calor
Meninas
e meninos douravam no eterno verão imaginário.
Aí, um
eterno pôr de sol! Palmas intermináveis
Festas
noturnas nas pedras. Nem bebidas, nem cigarros, nem adultos.
Lá não
existia sexualidade, nem sensualidade, nem olhos maldosos.
Lá eu
não crescia. Lá eu vivia...
Aqui,
acordado, é duro.
É
verdade. É difícil...
Aqui é
a vida!
Leonardo Pierre