Quem
me conhece sabe o quanto eu sou apaixonado pela minha cidade, por estar em casa
cercado pelas minhas músicas antigas, ou folhas espalhadas sobre a cama
escrevendo um conto qualquer. Mas teve um dia em que eu dormi, sonhei e acordei
diferente.
Como
é pequeno o nosso mundo e as vezes pensamos que esse é o único que existe!
NÃO... O mundo é bem maior do que essa caixinha de fósforo que limitamos nossos
passos. Sem medo, pessoal: ultrapassar fronteiras é tão natural quanto um pé a
frente do outro... Vá!
Estou
vivendo com vontades estranhas (para quem se acostumou com a calmaria das
noites no sofá, ouvindo as extravagâncias de Elis e o malandreado de Chico
Buarque). Pois vejam, que vontade estranha essa agora de viver, não é?
Inspirando recentes conhecidos, espantando presentes conhecidos e alegrando aos
antigos conhecidos. Que vivamos então as noites mágicas das sextas, os amores
de sábado, o churrasco de domingo, as reclamações dos dias úteis... Vivamos
também os palavrões de quarta a noite, as expectativas do fim da quinta... E
façamos tudo diferente na semana seguinte, pois alguém já disse uma vez que não
devemos voltar ao lugar onde já fomos felizes. Ora, então vamos a outros!
doCiente de que o mundo é mais que uma
cidade, uma quadra, uma dor, uma decepção, um engano e desenganos, é bom
tratarmos de vivê-lo. E experimentá-lo também! Bem além das fronteiras impostas
pelos homens e propostas por nossos medos. Qualquer viagem é válida, e eu nem
me refiro àquelas maravilhosas pelo mundo inteiro, caras, longe... Vá perto,
bem perto: fora de você! Um péssimo conselho, eu sei... Mas saia eixo. Só um
pouco. Sei do que estou falando, passei um bom tempo recolhido olhando pra
dentro de mim e, além de continuar não me entendendo, perdi momentos preciosos
do mundo aqui fora. Foi bom - muito bom - me “zerei”, para começar de novo e agora
estou aqui, fora de mim, falando esse monte de coisas.
Mas
um salve à todas as músicas deprimentes que ouvi, aos vinhos baratos com danças
estranhas na sala, aos porres que tomei sozinho, ao textos que escrevi e
guardei na gaveta por falta de coragem de me mostrar tão transparente naqueles
momentos... Hoje, todo o meu excesso de vontades tem a ver com esse período de
reclusão – opcional – que me fizeram pronto para ver o mundo outra vez!
Então,
vamos viver, beber, cair, chorar, se apaixonar, quebrar a cara, levantar,
sorrir, comer muito e tudo, gastar, dever e se desesperar... e não ligar pra
isso alguns instantes depois!
Um
“Viva!” a cada viagem que nos permite viver fora do eixo.
Leonardo Pierre
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Passos, fora dos eixos... rs