domingo, 25 de setembro de 2016

Sereia









   



     Eu sei lá dos mistérios desse mar. Na verdade, sei pouco ou quase nada de todos os mares. Há um medo cercado de respeito,  que a certa altura se misturam. Há também encantos, e estes são segredos. E segredos são sagrados.
     Guarde, então, grande mar, seus segredos, mitos e lendas. Como os cantos que não se devem seguir.
     Obrigado pelo colo. Odoyá!

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

O último trem

   

     Madrugada...  É aquele trem sem destino que vai largando suas cargas de porta em porta.

     Quando tudo e nada fazem sentido na mesma intensidade; Quando nascem os melhores textos e ao mesmo tempo aqueles escritos que se fossem no papel, teria o lixo como destino. Sem lógica. Ou tanta lógica que jogaria toda sua postura fora. Para melhorar, a pior música com as melhores melodias para rasgar-se todo de vez. Um amor que ri e chora, no silêncio que grita e molha a fronha e o lençol...
     Quando vem a vontade de pegar o telefone e ligar para 300 pessoas e vociferar todas as confusões que moram na sua mente. E ao mesmo tempo, sabe que ninguém entenderia a profundidade das suas reflexões, por mais que se esforçassem. E por ser tarde, não acordaria vocês, meus amigos... E por nem eu mesmo entender o que se passa aqui dentro, jamais cobraria esse entendimento de quem quer que seja.
     Vou aos poucos me convencendo de coisas absurdas. Todas as certezas do dia vêm num pacote e desembarcam na minha cama. Quando eu abro, são as besteiras que pensei ao meio dia e disse “agora não”. Pois bem, na madrugada elas vêm cobrar atenção. E eu dou a atenção que elas merecem. Tento zerar todas as dívidas para começar bem o dia. A essa altura, a cabeça já dói de tanto chorar, eu só penso em dormir porque preciso acordar cedo para trabalhar. Mas tem tanta dívida para pagar, que apagar, realmente, só às 3h...

     A madrugada vem trazendo as saudades que já estavam enterradas há tempos. Enterradas, não... Adormecidas, hibernando nas cavernas (da tentativa) do esquecimento. Tolo! Sou completamente virado do avesso e revirado inúmeras vezes até pousar do lado certo, enquanto as confusões repousam do meu lado. Sempre tem um travesseiro sobrando mesmo...

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

O Cara

   









     De tanto ouvir as histórias de amor das pessoas, passou até a acreditar que esse cara existia. Não um cara que pudesse amar. Mas o amor, esse cara meio que inventado por todas as pessoas para justificar as insanidades cometidas com sorriso nos olhos. Ou os choros de morte na boca. E vice-versa, sabe?
      Pegou a bolsa e saiu. Andou a cidade toda e viu esse cara várias vezes num único dia de setembro. Com calma, nada para se fazer. Viu folhas caindo. Achou lindo! Ainda pela manhã, um cão se soltou da coleira e correu em sua direção. Sem medo, se abaixou, fez carinho em sua cabeça. Era amor puro presente. Achou lindo e foi embora sorrindo. Aquele sol de meio-dia dói em Bangu, mas não na zona sul... A praia de Botafogo estava suja, mas lá no fim daquele quadro, dois morros viram um, fazia uma leve sombra na água do mar. E - NOSSA! - como era lindo. As árvores da rua Paysandu, no Flamengo; Os arcos da Lapa com o bonde passando lá no alto; O Theatro Municipal e a Candelária, ornados pelos detalhes  e acompanhados pelo sol; Toda a extensão calma da Presidente Vargas à sombra... O cara estava ali.
     Almoçou dois pastéis com caldo de cana em Madureira e Madureira é muito amor... As crianças curiosas com as coisas vendidas na calçada do Mercadão são lindas. Perguntas como "mãe... Pra que serve aquilo?", àquela hora, se fez em amor.
     O tal cara resolveu fazer companhia o dia inteiro mesmo. Comprou coisas inúteis e que nunca usaria. A única bolsa já não estava sozinha e era amor em cada sacola plástica. A tolice é o amor. E ela nunca tinha pensado nisso. Em casa, cansada, tomou banho e cada gota que caía era amor líquido derramando em seu corpo. incrível como foi o melhor banho de sua vida.
     O amor mora nas imagens e nos detalhes... Deitou pra descansar. Sorriu. E amando, sonhou.