quinta-feira, 20 de maio de 2010

Dois mil e vinte...

Depois de muito tempo, enfim, ele conseguiu chegar ao trabalho. Saiu de casa as oito da manhã e duas horas após ainda estava na metade do caminho. Há quem diga que a culpa é das concessionárias, que ao parcelarem seus carros em até cento e vinte vezes atraiu o público e o fez se endividar e com isso lotar as ruas com seus automóveis. Nem as duas novas linhas do metrô conseguem desafogar o trânsito de cidade, pois todos querem ter seus próprios carros. Só nesse último mês, onze empresas de ônibus faliram devido ao baixo número de passageiros.

Em seu trabalho, pouco conseguiu produzir. Pulsos e cotovelos doídos por conta da tendinite, cabeça latejando em função da sinusite e o estresse acumulado não permitiu que ele tivesse concentração. Na hora de seu almoço, resolve não esquentar sua marmita e vai à orla de Copacabana. O local, a uma quadra dali, parecia distante por ele não ter mais tempo para caminhar. De tantos problemas, acabou esquecendo-se da beleza daquele lugar, do som das ondas, que perdeu espaço na sua vida para o “tec-tec” incessante dos teclados dos computadores, cada vez mais desenvolvidos.

Ali ele viu como o tempo passara e não se dera conta. Está velho, mesmo apenas com 35 anos de vida. Vida que nos últimos anos foi mal vivida. Ele só trabalhou. Não tinha tempo para a mulher, nem para os filhos, nem para seu futebol aos sábados, algo tão costumeiro em sua juventude! Com tanto cansaço e problema, ficava mesmo impossível pensar em qualquer outra coisa se não descansar o fim de semana inteiro! Em conseqüência, as crianças não iam mais à praia, a esposa não ia mais ao cinema e nem jantava fora de casa. Seu casamento, devido à falta de atenção que ele dispunha para o mesmo, andava de mal a pior! Já não se lembrava das datas importantes, dos compromissos com os amigos, dos aniversários dos familiares... Parou para pensar e viu como era diferente a década de 20 do século XXI. Já não havia mais novela das oito, as nove (porque as oito ela já não era exibida há muito tempo); a Avenida Rio Branco virou uma grande rua de passeio; as praias, coitadas, eram sofridas, cada vez mais sujas; o trânsito mais caótico a cada dia! O carnaval já não tinha graça... Nem mesmo a sua querida Portela te dava alegria e emoção ao entrar na Marques de Sapucaí, que agora virou de vez um grande palco: é coberta, acústica, com efeitos especiais e etc

Voltando para o trabalho, pensou como era feliz a vida em 2010. Perto do que é hoje, aquilo era um paraíso!

Leonardo Pierre

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Conto situado em 2020..e pelo jeito, depois piora!

5 comentários:

  1. show, mt shoow!
    Gosteei desse tbm :)
    viiva o dia de hj como se amanha fosse o ultimo! (:

    Bjs

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  2. Obrigado minininha...daqui a pouco tem mais!! rs

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  3. show de bola cara!!!!

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  4. Vanessa Paiva27/05/2010, 12:30

    hum... acho que sei de onde nasceu a ideia pra escrever esse texto... muito bom! vc deve ter ótimos professores!

    :)

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  5. Você viajou hein!! Tenho a impressão de que tudo não será muito diferente disso, lá em 2020. Ótima crônica. PARABÉNS!

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