domingo, 15 de dezembro de 2013
Quisera...
Quisera eu ter nascido índio
Andar nu pelo país
Queria isso, e muito e tanto
Mas Deus não quis
Quisera eu ter nascido em 60
Ver ao vivo um show da Elis
Ver Cazuza, Renato e tantos
Mas Deus não quis
Quisera eu, talvez, nem ter nascido
Soubesse, eu, o quanto seria infeliz
Vagar na "pré-vida" esperando, esperando
Mas Deus não quis
Quis trazer-me a este mundo
Neste tempo agora e a fora
Por mais que seja imundo
Aprender nos desgostos profundos
A querer e não poder
Sentir e não exprimir
E principalmente saber
Sofrer sem de culpa me eximir
terça-feira, 19 de novembro de 2013
Por um mundo com mais viagens
Quem
me conhece sabe o quanto eu sou apaixonado pela minha cidade, por estar em casa
cercado pelas minhas músicas antigas, ou folhas espalhadas sobre a cama
escrevendo um conto qualquer. Mas teve um dia em que eu dormi, sonhei e acordei
diferente.
Como
é pequeno o nosso mundo e as vezes pensamos que esse é o único que existe!
NÃO... O mundo é bem maior do que essa caixinha de fósforo que limitamos nossos
passos. Sem medo, pessoal: ultrapassar fronteiras é tão natural quanto um pé a
frente do outro... Vá!
Estou
vivendo com vontades estranhas (para quem se acostumou com a calmaria das
noites no sofá, ouvindo as extravagâncias de Elis e o malandreado de Chico
Buarque). Pois vejam, que vontade estranha essa agora de viver, não é?
Inspirando recentes conhecidos, espantando presentes conhecidos e alegrando aos
antigos conhecidos. Que vivamos então as noites mágicas das sextas, os amores
de sábado, o churrasco de domingo, as reclamações dos dias úteis... Vivamos
também os palavrões de quarta a noite, as expectativas do fim da quinta... E
façamos tudo diferente na semana seguinte, pois alguém já disse uma vez que não
devemos voltar ao lugar onde já fomos felizes. Ora, então vamos a outros!
doCiente de que o mundo é mais que uma
cidade, uma quadra, uma dor, uma decepção, um engano e desenganos, é bom
tratarmos de vivê-lo. E experimentá-lo também! Bem além das fronteiras impostas
pelos homens e propostas por nossos medos. Qualquer viagem é válida, e eu nem
me refiro àquelas maravilhosas pelo mundo inteiro, caras, longe... Vá perto,
bem perto: fora de você! Um péssimo conselho, eu sei... Mas saia eixo. Só um
pouco. Sei do que estou falando, passei um bom tempo recolhido olhando pra
dentro de mim e, além de continuar não me entendendo, perdi momentos preciosos
do mundo aqui fora. Foi bom - muito bom - me “zerei”, para começar de novo e agora
estou aqui, fora de mim, falando esse monte de coisas.
Mas
um salve à todas as músicas deprimentes que ouvi, aos vinhos baratos com danças
estranhas na sala, aos porres que tomei sozinho, ao textos que escrevi e
guardei na gaveta por falta de coragem de me mostrar tão transparente naqueles
momentos... Hoje, todo o meu excesso de vontades tem a ver com esse período de
reclusão – opcional – que me fizeram pronto para ver o mundo outra vez!
Então,
vamos viver, beber, cair, chorar, se apaixonar, quebrar a cara, levantar,
sorrir, comer muito e tudo, gastar, dever e se desesperar... e não ligar pra
isso alguns instantes depois!
Um
“Viva!” a cada viagem que nos permite viver fora do eixo.
Leonardo Pierre
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Passos, fora dos eixos... rs
terça-feira, 12 de novembro de 2013
Furtado
Tem cores que nao enxergo
Tem dores que nao curo
Odores que desconheço
Tem amores que nao vivo...
Mas sinto, sinto e sinto!
As cores que nao vejo
As dores que nao curo
As flores que nao busco
E os amores que ofusco
Apesar de sentir eu nao posso medir...
Vivendo com cores que nao ouso transpor;
Dores que nao posso chorar,
Flores que nao posso colher;
Odores que nao posso cheirar...
Aos amores que me furtam o sentimento,
Nem ouso, então, entregar meu olhar
Nem letra, nem música
Não ousarei poetizar
Tem dores que nao curo
Odores que desconheço
Tem amores que nao vivo...
Mas sinto, sinto e sinto!
As cores que nao vejo
As dores que nao curo
As flores que nao busco
E os amores que ofusco
Apesar de sentir eu nao posso medir...
Vivendo com cores que nao ouso transpor;
Dores que nao posso chorar,
Flores que nao posso colher;
Odores que nao posso cheirar...
Aos amores que me furtam o sentimento,
Nem ouso, então, entregar meu olhar
Nem letra, nem música
Não ousarei poetizar
terça-feira, 1 de outubro de 2013
Ator
Há de ter na tua vida
Espaço para meu personagem
Acompanhar-te, pois então,
Nas curvas de tua viagem
Uma folha, a qual levou o vento
A vigiar tua passagem
A te confundir
A trocar de roupagem
E te iludir
Ao roubar-te o tino
Tal folha, avesso vira
E vira mancha em tuas vestes
Hei de querer, quero viver
Qualquer tema que me empreste
Caso não, lá estarei
De folha, de tuas vestes
Mentindo ser um rei
O acaso que conteste
Se teimoso vir a ter
Um papel coadjuvante
Nem que seja, eu quero ser
Nem que seja em meio instante
.....................................
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
Felicidade: Luz ou breu?
Se chega, parte
Como um marinheiro ilude a dama
Que o espera à beira do cais
Acreditar, não mais!
De forma tal, a me despir de
esperança
Contrapondo uma criança
Que é feliz só em viver
E a saber:
Bobo eu que um dia cri
Não deixar de existir
Felicidade plena
E ao lembrar dá pena
Da minha doce ilusão
Impossível definir
Se ela é intangível, tal qual a fé
Ou real como a religião
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
O Som da Noite
Somente o grito do silêncio
Me salva da destrutibilidade de tantos berros vãos
De todas as palavras tolas
De todos os tons das mãos
A última palavra é a mais esperada
Ao deitar,
Nem o vento, nem nada
Nenhuma luz me reflete
Nenhum sinal me entorpece
Só o silencio me acompanha
E de tão quieta manha
Chego a ouvir teus esforços
Com toda sua ironia
E ignoro, pois é,
O som mais desejado do dia
Me salva da destrutibilidade de tantos berros vãos
De todas as palavras tolas
De todos os tons das mãos
A última palavra é a mais esperada
Ao deitar,
Nem o vento, nem nada
Nenhuma luz me reflete
Nenhum sinal me entorpece
Só o silencio me acompanha
E de tão quieta manha
Chego a ouvir teus esforços
Com toda sua ironia
E ignoro, pois é,
O som mais desejado do dia
Leonardo Pierre
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sexta-feira, 6 de setembro de 2013
Numa noite, apaixonado
Se a noite soubesse teu encanto
E o Sol, por grandeza, a deixasse se perpetuar
Exagero, assim, um tanto
Serviria de acalanto
Entontecendo o olhar
Agigantando o luar
Mesmo em noite ardente
Onde as estrelas caminham
As nuvens se escondem
Alguns astros repousam
...
Ah, se ela soubesse de todo esse encanto
Não haveria, pois, nascente
Num exagero, assim, um tanto
Seria noite eternamente
Leonardo Pierre
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terça-feira, 3 de setembro de 2013
Pela segunda vez, em 93
Eu
podia, talvez, acordar em 93...
Ali,
de novo criança, não teria tantos erros a reparar. Mas teria, já ciente do meu
futuro, a oportunidade de refazer minha história como quem já tem o mapa e só
precisa optar por um caminho. Eu escolheria outros...
Acordaria
ali e reviveria os últimos 20 anos. Passando, ano por ano, amando mais... As
mesmas pessoas! Aproveitaria melhor cada um dos seus últimos momentos. Amaria menos
aqueles que o tempo me mostrou não ter valido a pena. Ofereceria mais cada um dos
meus abraços e os sorrisos, mostrando a alegria de criança em qualquer tempo.
A inocência
perdida, eu perderia outra vez. Mas agiria de forma natural, ou talvez nem
agisse, deixando ser descoberto naturalmente e de forma pura num mundo cada vez
mais feroz. Talvez estivesse em outros lugares, curtindo outros luares, com
outros amigos, novas ocasiões... Quem sabe?
Certamente
me anteciparia às pessoas e fugiria das coisas que deram errado. Me anteciparia
também e conheceria algumas pessoas um tempo antes do que aconteceu de fato.
Para que pudesse estar com eles em alguns de seus melhores e piores momentos,
assim como também fazer com que estivessem nos meus momentos cruciais.
Choraria
mais e mais alto a cada perda. Me fazendo menos forte à primeira vista,
evitaria amarguras e angústias, lágrimas presas, entaladas por força minha por
querer me preocupar mais com os outros do que comigo. Talvez um mês chorando
ininterruptamente, me pouparia de um ano inteiro de escassez de mim mesmo!
E os
lugares onde fui e não deveria ter ido? E aqueles onde deixei de ir? Tudo
diferente, tudo do avesso... Me arriscaria mais em alguns momentos. Versão
ousado, sabe? Eu poderia mesmo acordar em 93! Reviver com mais intensidade as
alegrias que deixei passar por não ter dado a devida importância.
Faria
mesmo tudo diferente... Pois fazendo dessa forma na primeira vez, eu não teria
aprendido nada!
quinta-feira, 15 de agosto de 2013
SONHOS
Houve
dias em que eu me encantava com miragens.
Olhava
ao longe e via o que quisesse,
Num
insano exercício de imaginação.
Era
falso, estranho, mentiroso... Era feliz.
Longe
das maldades, das coisas impuras.
Longe
de tudo o que eu não podia imaginar.
Ali, no
meu mundo, só era permitido o que eu deixasse.
Era
fácil ser feliz.
Eu
dosava os perigos, inventava os inimigos...
Todos
mais fortes que eu.
Eu
vencia, era bravo, destemido, impetuoso.
Rígido
nas minhas próprias regras.
Alguns
dias havia cor, túneis de espirais,
Pêndulos
hipnóticos, pirulitos coloridos
Eterno
ar primaveril.
Noutros
dias, fortes ondas de calor
Meninas
e meninos douravam no eterno verão imaginário.
Aí, um
eterno pôr de sol! Palmas intermináveis
Festas
noturnas nas pedras. Nem bebidas, nem cigarros, nem adultos.
Lá não
existia sexualidade, nem sensualidade, nem olhos maldosos.
Lá eu
não crescia. Lá eu vivia...
Aqui,
acordado, é duro.
É
verdade. É difícil...
Aqui é
a vida!
Leonardo Pierre
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
Procurando...
Olhei
para todos os lados
Olhei para
todos os cantos
Vasculhei
os armários
Gavetas
e portas escancaradas
Janelas
batendo aos ventos
Entrei nos
becos
Entrei nas
casas, pulei os muros
Liguei a
luz, perdi o medo
Pedi licença
e saí
Olhei para
dentro
Mergulhei
nos sentidos
Senti a
pele e os tecidos
Boiei no
sangue e viajei em mim
Não soube
sair
Depois
de todas as casas visitadas,
Todas as
marcas que ganhei
Todas as
partes vigiadas
Todas
as portas abertas e janelas escancaradas
Becos sem
saídas e nenhuma solução
Percebi
que nada encontrei
Certo de
que algo me falta
Mas ainda não sabia o que estava procurando
Leonardo Pierre
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Buscando, buscando...
segunda-feira, 29 de julho de 2013
Parte de mim
O que me invade ou o que eu deixo
entrar, o que se apossa ou ao que eu me entrego: tudo é parte de mim! O que eu
rejeito ou o que chega sem pedir, o que eu faço ou o que fazem por mim: é tudo
entrega, e é parte de mim! O que me joga ou o meu ato impulsivo, quando me
jogam ou quando eu pulo: é tudo desistência, e é parte de mim! O que eu luto ou
o que venço fácil, o que eu perco, mas não me entrego fácil: é tudo
resistência, e é a parte de mim que eu procuro.
Essa busca pelo ser inatingível,
e, quando atingido não abatido, é constante. E deveria ser incessante.
Resistir, mesmo diante das adversidades deve ser ensinado em casa, na escola...
Pois com a vida, não tem estágio! Do sair do colo da mãe ao aprender a tomar
banho sozinho estamos ainda protegidos, apesar de acharmos que não. Começamos a
trabalhar e um mundo inteiro se abre para nós, na mesma proporção que esse
mundo inteiro cai sobre nós. E exige que sejamos firmes, pois por mais clichê
que seja: só os fortes “sobrevivem”. E os fracos que ficam apenas ficam.
Estagnados, vendo a banda do Chico passar, mas sem o lirismo da canção. É como
se a resistência fosse “o aplicativo a ser baixado na sua alma”, para um melhor
aproveitamento da máquina.
A desistência no geral não é
sinal de fraqueza. Muitas vezes é demonstração de ter prioridades, ou de ter sensibilidade
e sabedoria de saber o momento de agir. E a desistência também é uma ação. É
preciso distinguir esses momentos para dosar e não desistir de tudo, mas
também não resistir a tudo. O desejável bom senso tem sua utilidade.
Pensar demais e ter medo disso:
isso também é parte de mim!
Leonardo Pierre
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Força!Leonardo Pierre
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quinta-feira, 4 de julho de 2013
Ah, o Sol!
Na
verdade, é sempre, toda vez! Lá está o Sol, lindo que só. Despertando os pássaros,
reluzindo por entre as nuvens, iluminando o solo onde toca com seus raios.
É
amigo dos homens, do mar, da caminhada matinal, dos idosos que se exercitam
cedinho, dos atletas que se perdem e se acham pelas árvores da cidade. Para as
crianças, uma eterna criança... Sempre sorrindo nos desenhos infantis, com seus
raios gigantes. Para os estudiosos, uma enorme bola de fogo, por vezes explode!
Mas é o Sol. Sempre lá!
Às
vezes some, mas ainda assim brilha. Esconde-se nas nuvens escuras e pesadas,
confunde o tempo, engana o relógio e ilude o olhar. Da Lua, eterno enamorado, mas
poucas vezes se tocam, num amor quase impossível. A Lua beija o mar, segue os
jovens da balada, acompanha os casais à beira-mar, encanta os solitários apaixonados
pela vida e desperta o ciúme do Sol. Mas ele tem outras luas... A nossa Lua só
tem a nós, e de tão apaixonada pela Terra, as vezes invade nosso céu em plena
luz do dia, se fazendo perceber sutilmente... Não ofusca o Sol, pois sabe
discretamente seu lugar.
Ah,
o Sol! Dourador de corpos, aquecedor do tempo, vulcão em intensa e constante
erupção. Transmite energia, contagia. Há quem não goste e há quem não o queira
longe. Mas inegavelmente nos proporciona um dos mais lindos espetáculos do
mundo. Mais apaixonante que seu amor pela Lua, é o seu beijo nos morros
cariocas. Para Chico Buarque, “o poente na espinha das tuas montanhas quase
arromba a retina de quem vê”. Ele tem razão! O pôr do Sol é tão lindo que
merece aplausos. Reconhecimento e agradecimento pelo dia. Enquanto se despede
de nós para iluminar o outro lado do mundo, nos ensina a lição de que tudo
precisa chegar ao fim, por melhor que seja. É assim que o novo acontece belo e
revigorante... Como um novo dia. Nos mostra também a noção da generosidade ao
ceder o espaço do céu para a Lua.
As
estrelas na noite nos servem como anúncios... Ao vê-las, recebemos a mensagem
que o grande Sol surgirá. Fazemos planos e traçamos paralelos. Adoramos a
sombra fresca, mas devemos reconhecer o poder do Sol. Ele é mais que um emissor
de calor: é a magnífica simbologia do renascimento, da esperança, da vida...
Ah,
a vida...
Leonardo Pierre
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"Luz do sol... que a folha traga e traduz"
segunda-feira, 24 de junho de 2013
Quem ele é?
Era um João, era um José... Era qualquer um!
Era um Dito, era um Bené... Era só mais um...
Mais um que é o que não quer
Mais um que diz ser quem não é.
Mas ele faz virar o jogo, na descoberta de um mundo novo
Redescobrindo como se faz
Correr na frente, ter sempre mais!
Era um sorriso ilusionista
Era um choro reprimido
Sobrevivia feito artista
Ora feliz, ora sofrido
Jogou pro alto, como bem quis
Fazendo a vida sorrir feliz
...
É um João... É um qualquer.
Meio perdido... Sem saber quem ele é!
terça-feira, 18 de junho de 2013
Chame como quiser
Aposto, sem medo de errar, que estamos
vivendo um marco na democracia brasileira. O dia 17 de junho de 2013 entrará,
certamente, pra história como a definitiva volta da participação popular nos
movimentos em prol de um bem comum. Um grito unificado, mesmo com reivindicações
diversas.
Não sou contra o uso de clichês, mas
venho aqui criticar um. Durante anos acompanhamos revoltosos, mas passivos,
dizendo coisas do tipo “o Brasil não muda porque o povo não se manifesta”. Pois
bem, aí estamos, nas ruas, no Rio, São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e tantas
outras nesse grito aflito de quem não agüenta mais. Não agüenta corrupção,
descasos com educação, saúde e transporte, enquanto milhões, bilhões de reais
são gastos na produção dos eventos esportivos, os quais eu não sou contra...
Mas poderia ser de maneira igual! Nem entrarei no mérito dos vinte centavos,
pois acredito que até os mais críticos já entenderam os reais motivos. Falta
Brasil para brasileiros, e não para encher os olhos das organizações
estrangeiras.
Neste 17 de junho vi nos jovens, nos
olhos deles – Alguns “cansados” das pimentas e afins atirados neles há alguns
dias – a esperança. Me lembrei de um dia, o desses jovens, sedentos por
transformações lotaram sob chuva, em 21 de setembro de 2012 os arredores dos
Arcos da Lapa para o último comício do então candidato a prefeito, Marcelo
Freixo. Não querendo transformá-lo no herói dos jovens, mas busco na memória
uma frase que, ao perceber os movimentos recentes, se tornou emblemática:
“Perdendo ou ganhando, a militância não pode parar”. E não parou! Tomou-se
novamente o gosto de ver política, discutir política, como há tempos não se
via.
Fomos 5 mil... Apanhamos. Fomos 10
mil... Apanhamos. Lutamos, não desistimos, denunciamos, berramos com o gogó
juvenil, incansável até nos fazermos ouvidos. Deu certo. A visão da mídia
parece estar cada vez mais mudada, a sociedade que antes nos rotulava como
vândalos agora dá apoio quase incondicional e ocorre uma maré bonita: Todos
agora são a favor das manifestações. Acham legítimas. Isso é bom, jamais
reclamarei de quem muda de opinião, exceto de quem a faz apenas para seguir o
bloco maior. E mesmo sendo a favor, consegue visualizar que os atos de
vandalismo são obra da minoria.
Passamos de 100 mil pessoas soltando a
voz juntas, no Centro da cidade do Rio de Janeiro. Alguns olhares fascinados
por verem que seus gritos têm força, ecoam, transbordam e transcendem as redes
sociais. Os pacíficos, a quem ofereço esse texto, estavam lá. Mesmo com medo, mesmo
com os conselhos para não irem, mesmo com máscaras ou camisas protegendo o
nariz. Não era Bola Preta, nem Monobloco – que eu adoro! – nem marcha promovida
pelo governo para lutar por algo que não vemos a cor. Era um protesto
apartidário, de quem luta pelo que acredita. Infelizmente, uma parte pequena
desses Cem Mil tinha outro propósito. Além de protestar, guerrear. Feio. Uma pequena
mancha em um movimento que está entrando para a história. Não por pretensão, é
provável que nossos netos vejam isso nos livros didáticos de história.
Depois de duas décadas, voltamos para
as ruas. Após esse intenso sono, os sonhos foram tomando corpo, as agruras
serviram como fermento nesse bolo de insatisfações. Medo, angústia, euforia e
orgulho, misturados no liquidificador das emoções. Manifestantes, rebeldes (com
causa sim, senhor!) ou um bando de jovens sonhadores. Chame como quiser... Mas
nos deixe viver esse sonho de “ser possível”.
sábado, 8 de junho de 2013
Talvez...
Muitas
pessoas se perguntam o porquê de tantos “talvez” nas frases e falas. Sem saber
essa e outras respostas para as perguntas da vida, resolvi parar para refletir.
Passo
por constantes processos de reconhecimento! Mergulho dentro de mim, em casa
sozinho, ou na rua com várias outras pessoas... E também me perco, pois nunca
sei por onde entrei! Consigo parar dez segundos do meu dia para me centralizar,
voltar ao eixo, responder por mim, sempre pensando um milhão de vezes antes de qualquer ação ou resposta. Daí, passei
a me conhecer melhor e, e entender o que muitas pessoas procuram saber e nem
mesmo eu sabia explicar.
Essa
série de “talvez” que usamos pode ser reflexo do nosso eu inconstante, mutável, inconsistente e indeciso. Por sempre pensar
muito, quase nunca temos a certeza absoluta assim, de primeira! Talvez a
certeza surja daqui a alguns instantes, vocês aguardam? Se sim, obrigado,
agradeço. Se não, estão certos... A vida também não espera. O emprego não
espera eu pensar mais do que dez minutos para responder um e-mail. O chefe não
espera mais de dez minutos até eu achar um arquivo, perdido nas milhões de
pastas do disco rígido do computador... A vida não há de esperar muito tempo
até que eu absorva tudo, produza uma informação e, sem “talvez”, ter certeza de
algo.
Em
contrapartida, não há peso tão grande em frear na hora de falar. Um “talvez”
lhe exime da certeza infundada; faz-lhe menos firme, porém, menos errante; pode
sugerir apenas uma tentativa de fazer, cavando um sorriso de aprovação; faz-se
um elogio velado usando um “talvez”. É como se precisasse de uma carta de
segurança, ou um ponto de restauração pra onde se pode voltar ao perceber o
primeiro passa em falso. É como um andar para frente em fase de teste: o
primeiro erro é gratuito! É como o ponto de saque, que só serve para definir o
iniciador da partida. É como um jogo-treino, onde se pode errar.
É
claro e consciente que não é digno usar desse subterfúgio a vida inteira, como
quem se esconde atrás de um arbusto esperando alguém cair – ou não – para saber
se é possível seguir! Se expor também faz parte do jogo. Colocar seu ponto de
vista sob a ótica do momento vai ser necessário em alguns (e em vários)
momentos da vida. Uso muito o talvez. De brincadeira, como quem sugere a
dúvida, como quem deixa no ar o mistério, ironizando a verdade, impondo dois
lados. Mas sei quando devo ter certezas. E talvez já seja esse o momento!
Nada
me parece simples a primeira vista (nem mesmo esse texto cheio de idéias
opostas), mas é só o medo de errar. Com a cabeça no lugar, idéias em ordem e
foco, eu consigo abandonar meus queridos “talvezes” e ir em frente. Cambaleando
ou não, a vida seguiu e eu não fiquei para trás. Disso eu tenho certeza!
Leonardo Pierre
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Talvez eu mude...
sexta-feira, 24 de maio de 2013
O Canto da Chuva
Fiquei em
silêncio... Deixei a chuva falar. Não me incomodava naquele momento seus
possíveis estragos, os vários transtornos e toda a sua demanda caótica! Para
mim, mais pareciam as letras de Chico e Djavan, as melodias do Tom, as vozes de
Elis e Bethânia, a sutileza de Nara...
Soprava
cantos suaves no início da madrugada, como quem invade sorrateiramente pelas
brechas das portas. Não se exaltava, nem assustava. Era doce, como uma poesia
recitada em tom grave baixo.
Eu permanecia
em silêncio para contemplar cada nota daquele concerto maravilhoso. Ela não
pedia palmas, nem ovações. Desejava apenas passar sua mensagem.
Não mais
sozinho, ela me acompanhou até eu pegar no sono, entoando seus cânticos de
ninar, de forma inédita, capazes de
abrandar os selvagens e os inquietos.
Dormi e
sonhei. Como há tempos não sonhava. Não com o sol brilhando, mas com a chuva
que provavelmente quis me fazer companhia durante toda a noite...
Ao acordar,
vi o chão ainda molhado, confirmando minha suspeita de sua presença. Havia sol,
ainda fraco. De certo tímido, depois de um espetáculo, como jamais visto antes
em toda a natureza.
Se afastando
do sol, lá estava a última nuvem carregando suas - e minhas - últimas vozes de
chuva. Contentei-me, então, com o que mais se assemelhava à elas: as letras de
Chico e Djavan, as melodias do Tom, as
vozes de Elis...
Leonardo Pierre
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E ela canta, canta, canta...
quarta-feira, 22 de maio de 2013
No fim da Noite
Com o novo sol que as estrelas prometem, há de surgir também uma nova
vida iluminada dentro de mim.
Hoje fui sobra, amanhã não mais...
Com as boas promessas de renascimento, há de surgir grupo de seres
afortunados onde eu possa me inserir.
Hoje fui rascunho, amanhã não mais...
Com os novos despertares, outros olhares farão de mim um desenho
completo, repleto de cores. Se não, um risco bem feito, próximo ao que será a
arte final.
Hoje fui cego, amanhã não mais...
A um palmo de mim sempre estiveram os óculos de uma nova vida,
possibilitando a visão perfeita de tudo o que eu quis enxergar. Ou do que minha
vista encoberta de nuvens preferiu não ver.
Hoje fui dia, tarde e noite... E amanhã também serei!
Com cada nova
promessa, serei tudo o que sou com um pouco mais de alma. Se as promessas não
se cumprirem, eu serei o que se chama “mais do mesmo”.
Mas serei sempre esse, sem deixar de agregar o que melhor convir para
o momento...
Leonardo Pierre
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